hendisoares's Journal, 28 November 2018

Hendi, gostaria de saber sua opinião sobre uma questão: por que hoje em dia se fala tanto de genética no esporte? É uma forma de afastar as pessoas ou, de fato, a genética é um fator absolutamente importante? O quão longe conseguimos ir independente da genética? 

Rafael, sempre primou-se pela genética quando trata-se de atletas de alto nível. Antes os atletas eram consideradas pessoas extraordinárias, muito distante da nossa realidade tanto em capacidade quanto fisicamente. As pessoas não cogitavam o uso de esteroides em todos os esportes. Tanto que quando Ben Johnson foi pego foi uma decepção muito grande para os admiradores. A partir daí, popularizou-se a idéia de que um bom atleta não era determinado pela genética e talento, mas sim pelo uso de "aditivos". Os atletas, em geral, começaram a ser desacreditados de suas capacidades naturais já que os testes antidoping passaram a ser mais frequentes e eficientes. Com a internet deu-se a banalização do comércio por pseudo atletas orientando sobre o uso com muito amadorismo. Começou-se a deixar de lado a questão genética e prejulgar que com hormônios qualquer um poderia ser atleta. Especialmente no fisiculturismo. Todo esse contexto influência negativamente na comunidade esportiva em geral. Afasta patrocinadores, coloca em dúvida a capacidade e desempenho dos atletas e diminui o interesse do público que não associa o uso das substâncias a uma vida saudável. Além disso, depois dos escândalos atuais, Armstrong e a delegação russa deve ser o mais decepcionante da atualidade, fizeram com que os testes se tornassem mais abrangentes e com isso mais difícil usar substâncias melhoradoras de desempenho nos atletas de alto nível. Qual foi a solução, voltar a "lapidar apenas diamantes" e nesse sentido a genética é uma vantagem. Escolher atletas que já "teriam" parte do caminho andado. Mas não é determinante viu. Para que a pré disposição genética seja bem aproveitada é importante que o esporte ou categoria seja bem escolhida. Já que o objetivo é utilizar o mínimo de artifícios, a dedicação do atleta deve ser em dobro. Um exemplo do B.B. é Juliana Malacarne q teve uma longa carreira medíocre como figure (q exige musculatura mais longilínea) até que migrou para a categoria onde sua genética se adequou perfeitamente. Após 4x seguidas campeã, assim como outros, decidiu parar de competir por conta exatamente dessa questão hormonal. Aos poucos a comunidade esportiva está se dando conta de não da para viver de Frankenstein. A despeito do futebol, você só terá fenômenos vindos de talentos natos, que em outras modalidades se equipara a genética. Em suma, business e readequação a nova realidade. 

"O quão longe podemos ir independente da genética?" Depende mais do esporte escolhido, Rafael. Como disse no textão anterior (😬) o mais importante é escolher o esporte, ou categoria, certo para o seu biotipo ou "genética". Feito isso, o desempenho e sucesso depende mais da dedicação.  

Muito legal sua explicação! Acho incrível e, confesso, me dá bastante vontade de não considerar em nenhum momento no médio prazo (o que já vai de encontro ao que eu pensava em fazer) qualquer tipo de ciclo. Como não pretendo competir, simplesmente pq não acho que meu tipo de corpo ficaria bom em nenhuma categoria, minha procura é para a estética. Contudo, como já falamos, quero aglutinar uma rotina de atleta (no sentido de dieta limpa, treino duro e tal) na minha vida. Vamos ver se eu consigo construir um shape adequado. rs 

Rafael, o ditado do "chinelo velho pro pé torto" é real. O fisiculturismo é um esporte que interfere diretamente na saúde, então vale a pena ponderar a idade, os custos, onde pretende chegar e quanto tempo levará. Prós e contras. Mas existem vários outros esportes que se adequam mais ao ficarmos mais "experientes". O triathlon, natação, bike, lutas...enfim. Musculação pode ser um hobby. Competir é muito bom e ajuda te manter envolvido no processo de readaptação do estilo de vida. Como comecei tarde, aos 35, vou parar até 2020 (c 43 anos🙈)e pretendo voltar ao jiu jitsu. Um esporte que também sou apaixonada e não me exige sacrificar a saúde. Mas a musculação jamais sairá da minha rotina. Outra vantagem, como homem quanto mais esporte praticar mais testo produz (inveja 😆) então aproveita! 

Na minha vida, só encontrei refúgio em dois esportes: rugby e na musculação. O primeiro me conduziu ao segundo e, confesso, amo o ginásio. Acho incrível todo o processo em que estamos envolvidos: pensar na comida, o impacto no corpo, no treino, enfim, acho incrível. Eu acredito que não tenho a menor condição de subir num palco, mas é claro que quero "meter o shape" em médio prazo. Só comecei a treinar com efetiva orientação há dois meses e estou pensando em longo prazo: como estará meu shape em dezembro de 2019? É mais ou menos por aí que estou considerando. Você treina em alto rendimento: eu, ainda, não estou nem perto disso. rs